Publicado em 29/05/2018 15:59 Última edição 29/05/2018 15:59

"A última e única grande reforma tributária ocorreu em 1965"

Fonte: GauchaZH

"A última e única grande reforma tributária ocorreu em 1965"
Por Yhonraz de Boer, estudante de Administração

A voracidade tributária no Brasil é assustadora. O Estado toma para si 5 meses do trabalho de todos os cidadãos para remediar sua eterna coma na UTI. O brasileiro trabalhou 153 dias para custear tributos nesse ano, e até o dia 31 de dezembro, o impostômetro deverá chegar a marca inédita de R$ 2,170 trilhões.

Em 1986, um ano após a redemocratização, os tributos federais consumiram 16,7% do PIB. Hoje, trata-se de uma das maiores cargas tributárias do mundo, equivalente a 33% do PIB. A fome do Estado aumentou abruptamente no transcorrer desses 32 anos e somam hoje mais de 90 tipos de tributos. Essa estrutura tributária brasileira é tão confusa que dificilmente sabemos com precisão quanto se paga de imposto em cada produto. 

A carga tributária no Brasil não para de subir, e ao passo que isso acontece, o pagador de tributos não tange, e tampouco enxerga o retorno desses valores. Não é novidade o fato de pagarmos impostos demais, por serviços de menos, são impostos escandinavos para serviços africanos. 

Outra mazela do atual sistema e que não podemos deixar de enfatizar é que na estrutura atual quem ganha menos paga proporcionalmente mais aos cofres públicos. Existe um profundo desconhecimento da população sobre o quanto é tributado no consumo de bens de serviços _ 47% da arrecadação total do governo provém daí.  A parcela mais pobre da população gasta 32% de tudo o que recebe em tributos, enquanto os mais abastados destinam apenas 21% de sua renda, devido a forma errática e escamoteada da tributação.  Em suma, quanto mais pobre é a população, maior é a fatia da renda que ela compromete com o consumo.

Vejamos um exemplo na prática: Ao comprar uma camiseta de futebol no valor de R$ 250,00, um brasileiro que recebe um salário mínimo pagará algo em torno de R$83,95 – 8,8% da sua renda mensal _ em tributos embutidos no valor do produto, por outro lado, alguém que recebe R$ 7 mil, paga os mesmos R$ 83,95 em tributos, contudo, isso representa apenas 1,2% dos seus ganhos.

A solução dessa sistemática é simples: precisamos remodelar a matriz tributária. A última e única grande reforma tributária ocorreu em 1965, durante a ditadura militar, onde surgiu o ICMS. A estrutura está obsoleta.

Que mudemos essa matriz tributária, caso contrário, seguiremos fadados a altas contas e retornos pífios para os pagadores de tributos. Os 966 bilhões, que já pagamos de tributos até o dia de hoje, conforme aponta o impostômetro,  embasa o lado voraz e injusto do sistema.