Publicado em 05/06/2020 15:16 Última edição 05/06/2020 15:16

Impostos em 2020 somam cinco meses de trabalho

Fonte: Diário do Comércio

Impostos em 2020 somam cinco meses de trabalho
Tamanha a carga tributária do Brasil, uma das maiores do mundo, que, entra ano sai ano e o brasileiro precisa trabalhar, ao menos, cinco meses, para pagar tributos federais, estaduais e municipais.

Em 2020, foram necessários 151 dias para honrar os encargos do País, dois a menos que em 2019. Para o próximo exercício ainda não é possível prever quanto tempo será necessário, já que tudo vai depender da duração das medidas de combate ao novo coronavírus (Covid-19) e o ritmo de retomada econômica no cenário pós-pandemia.

Apenas em Minas Gerais, os encargos iniciaram o mês de junho acima da casa dos R$ 64 bilhões, conforme o Impostômetro, ferramenta eletrônica desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) em parceria com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Em Belo Horizonte os valores já beiram os R$ 20 bilhões. E em todo o País, R$ 865 bilhões.

O estudo mais recente do IBPT indicou que todos os tributos somados perfazem mais de 41% do salário do brasileiro médio. Por isso, de acordo com o presidente executivo do Instituto, João Eloi Olenike, neste ano, o brasileiro trabalhou até o dia 30 de maio para pagar impostos.

Sobre o futuro, Olenike disse que já é esperado impacto significativo na tributação no restante do ano, em função da crise econômica imposta pelo novo coronavírus, o que poderá influenciar também no número de dias a serem trabalhados pelos brasileiros para quitarem os tributos em 2021.

“Nosso próximo estudo vai abranger o período entre maio de 2020 a 30 de abril 2021 e, possivelmente, teremos uma diminuição ainda maior, em virtude da provável menor arrecadação em todo o País, e consequentemente menor tributação, por causa da pandemia”, opinou.

De qualquer maneira, Olenike disse que isso ainda vai depender do quanto ainda vão durar as medidas de distanciamento social, com suspensão das atividades econômicas e o ritmo de retomada depois da pandemia. O presidente IBPT lembrou que o cenário atual é de estagnação e grande retração na maioria dos setores não essenciais, o que já traz efeitos maciços nos níveis de emprego e renda por todo o País.

“O número de dias necessários para o brasileiro pagar os tributos é proporcional à tributação das atividades econômicas, medida pelos fatos geradores de renda, patrimônio e consumo. Se houver menor tributação nestes itens, em função do menor ritmo econômico observado, possivelmente, o número de dias também será menor”, explicou.

O estudo que revela a quantidade de dias que o brasileiro trabalha para pagar tributos foi lançado pela primeira vez em 2006. Naquele ano, o IBPT constatou que o brasileiro trabalhou 145 dias apenas para pagar seus impostos. Desde então, criou-se o dia da liberdade de impostos, celebrado no dia 4 de junho.

O movimento une, a cada ano, comerciantes de todos os setores, isentando os consumidores dos impostos de alguns produtos nesse dia. Até o momento, 69 cidades de 16 estados participam do movimento.

Belo Horizonte – Na capital mineira, 210 empresas, de diferentes segmentos, já confirmaram participação, entre drogarias, perfumarias, supermercados, autoescolas, escolas de idiomas, lojas de material de construção, pet shop, lojas de calçados, roupas e acessórios, entre outras.

Esta é a 14ª edição do Dia Livre de Impostos (DLI), ação da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) e da CDL Jovem, que tem como objetivo conscientizar a população quanto aos altos índices de impostos sem retorno do dinheiro para o cidadão.

De acordo com o presidente da entidade, Marcelo de Souza e Silva, além de protestar contra a alta carga tributária e cobrar o retorno efetivo dos impostos para a sociedade em forma de investimentos em serviços essenciais, como saúde e educação, esse ano, em função da pandemia do coronavírus, o sistema tributário tornou-se um assunto ainda mais carente de discussões.

“O setor privado já vinha sendo sacrificado por um modelo fiscal que pune quem gera emprego no Brasil e que, agora, com a pandemia do Covid-19, sente-se duplamente prejudicado. A perspectiva do fechamento de milhares de empresas, a burocracia tributária e o baixo retorno dos impostos pagos, leva à necessidade urgência do avanço da agenda da Reforma Tributária”, ressaltou.