Publicado em 15/05/2019 09:58 Última edição 15/05/2019 09:58

Bolsonaro defende liberação da venda direta de etanol das usinas

Fonte: O Globo

Bolsonaro defende liberação da venda direta de etanol das usinas
Presidente diz que medida baixaria preço do álcool nas bombas. Distribuidoras veem possível perda na arrecadação de impostos

RIO - O presidente Jair Bolsonaro defendeu, neste domingo, a venda direta de etanol das usinas para postos de combustíveis. Ao comentar desafios do seu governo em entrevista à rádio Bandeirantes, ele disse que, às vezes, o caminhoneiro roda 400 quilômetros para entregar o combustível para a distribuidora, sendo que há postos a dois quilômetros das usinas. O presidente também prometeu corrigir a tabela do Imposto de Renda (IR) pela inflação em 2020, o que não acontece desde 2015 .

— O que queremos aqui: que o usineiro possa vender seu produto, o etanol, diretamente ao posto de gasolina. Nós achamos que isso vai diminuir em média R$ 0,20 o litro do álcool. Você começa a trazer (o etanol) para concorrer com a gasolina — disse.

Influenciado pelos combustíveis, o grupo dos Transportes acelerou para 1,31% em abril, frente à alta de 0,59% registrada em março Foto: Marcello Casal Júnior / O Globo
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A proposta vem do governo Temer e foi sugerida à equipe econômica de Bolsonaro. O grupo de trabalhado formado pela gestão de seu antecessor após a greve dos caminhoneiros parar o país no ano passado concluiu que tirar o intermediário do negócio estimulará a concorrência .

Eles recomendaram que Bolsonaro edite uma medida provisória (MP) ou encaminhe um projeto de Lei ao Congresso Nacional sobre o tema. Na entrevista, ele não entrou em detalhes sobre o andamento da proposta.

Prejuízo para a arrecadação
No entanto, para o presidente da Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Lubrificantes, Logística e Conveniência (Plural), Leonardo Gadotti, o fim da intermediação feita pelas distribuidoras pode produzir impactos no mercado que vão além dos valores repassados ao consumidor final. Segundo ele, a proposta, do jeito que vem sendo debatida, prejudica a arrecadação de impostos pelo país.

— Não é que eu seja contra a venda direta, mas há uma questão tributária que antecede essa discussão. Como está hoje, a proposta não funciona e é inadmissível. O Brasil perde com isso — diz Gadotti.